quando aprenderemos novamente a cuspir
nos rostos dos proprietários da terra?
há uma virtude restauradora nos oceanos de saliva,
uma graça infinita na aventura enlouquecida da sinceridade.
contra a hipnose do infinito, contra os freios da hipocrisia
contra os bocejos da sabedoria de palestra.
escolhemos desfilar nossa solidão em praça pública,
desafiamos a claridade barriguda dos militares.
quem escuta as respostas do lodo para questões místicas?
quem escuta nossa zombaria e latidos enquanto compra
cervejas quentes feitas de milho transgênico por bolivianos cansados?
a tarefa do poeta é bater punheta para gozar na cara
dos doutrinadores da alma & do corpo, exibir
a completa amargura e lavar os ossos
de nossa condição despojada.
"quem me dera que bastasse também
esfregar a barriga para não ter mais fome",
disse o cão celestial depois de ejacular.
condomínio de enfermos, prisioneiros da certeza,
haverá uma chuva de equívocos e sairemos bêbados
carregados pelos pontapés do nojo que o tempo nutre
de nossa miséria, nossa farsa: um rosto repugnante
que insistimos em transformar em senhor das moscas.
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